Chega a ser ensurdecedor o barulho que lá fora faz, mas quando pego minha caneta virtual, isso tudo silencia. Não imaginava que essa brisa iria ficar sempre indo e voltando para me acariciar o rosto, como se quisesse me deixar sempre desnorteada, insegura e sem chão. É um caos inevitável, tento criar a minha volta uma espécie de escudo, mas sempre sou derrotada num sopro. Chega a ser hilário, porque nunca estou preparada, sempre desprevenida, tão frágil quanto vidro, sempre me despedaço, me sinto como carmesim, nunca encontro uma partezinha sequer branca como a neve. Tudo o que sei fazer é me curvar diante das peripécias dos meus pensamentos, mas ainda sei disfarçar... Nem ai? Eu tento, quase nunca consigo... É um turbilhão de agoniantes sensações, entro em desespero sempre, isso que não me deixa, quisera eu ser tão e somente apenas uma personagem de um filmezinho qualquer para seguir sempre um script e não viver tentando adivinhar o que vai acontecer, é tudo tão imprevisível.
Vejo você ali sentado em um trono real enquanto todos fazem fila para te entregar valiosas especiarias e outros fazendo espetáculos mirabolantes para te fazer passar o tempo, o rei e seus súditos, queria ver se esse tão aclamado rei perdesse a sua coroa, o que aconteceria? Me chega a embrulhar o estômago, ver muito de tudo. Você agora é um desconhecido, daquele tipo de pessoa que a gente sempre ouve falar mais nunca sabe o que é verdade ou não, sabe? Um grande estúpido e pateta, que não enxerga um palmo a sua frente, porque anda em um deserto tão árido e debaixo de um sol tão escaldante, que consegue ver apenas miragens, você tem o meu sangue nas suas mãos, e nunca vai conseguir se limpar dele, será sempre acusado e procurado, um dia confessará esse crime cruel, ou não, você não tem mesmo consciência ou coração. Talvez o seu crime perfeito nunca seja descoberto e você seja livre de tais acusações, mas dentro de você, dentro de sua alma, nunca será livre.
Você se deleita em fragmentos de uma vida fútil, como isso pode ter graça? Não consigo travar uma guerra, porque não tenho armas como as suas. Por vezes tento te odiar, mas sei que as nossas mágoas mútuas nunca nos levarão a lugar nenhum.
Colombina... Distante...
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