terça-feira, 19 de abril de 2011

DIA!

O dia não tem fim. Eu sei: terça. Todo mundo ainda dormindo. Não faz mal. Atravessei a sala, vestida de preto e vermelho. Minha cabeça está tão quente que acenderia um cigarro a dois metros de distância. Liguei a TV do quarto no controle que quase não funciona mais, PILHAS. Me deu um aperto no peito o "Bom dia" do jornalista. Isso antes de mudar de canal disparadamente. Um aperto no peito, não uma coisa ruim. Mas não gostei daquele "Bom dia" jornalístico. E decidi ir até a cozinha arrastando a alma. Na geladeira: Suco de limão e leite: recordações. Legal o branco com a superfície limosa. Uma torta que eu fiz noite passada, mas ela estava mesmo bem apetitosa. É tão estranho gente. Dentro de mim fica oscilando o desejo e o desespero. Mas confesso que gosto de ficar em casa, ouvindo os sons dos ovos fritando. É eu não estou mesmo levando a dieta muito a sério. Essa não, eu os deixei grudar outra vez! (3ª). Ah que mania de ficar pensando no fogão. Seria melhor ir na padaria e acabar logo com isso. Malditos ovos. Eu sempre cumpro minhas ameaças, nunca se esqueçam! Talvez devesse ir ao supermercado e procurar por broas, no departamento de quitandas. Terça dramática, tá, tá dias piores já vivi. Estou tentando de tudo para fazer as malas que estão ali em cima do guarda-roupas. Mas eu tenho que ir trabalhar. Meu aniversário está chegando 23 e não consigo esquecer que já já estarei cantando aquele verso de tango: "treinta años no es nada" Talvez seja um pouco de exagero né? A versão original fala de 20 anos... Ah! É um verso assustador! Saí ao portão, um frio estonteante. Na casa da frente vive uma senhora que divide a casa com bugigangas. E a outra vizinha tem a chave do meu portão, dá para entender? Ela que recebe as minhas correspondências e me entrega tudo já vencido, já paguei uma mensalidade inteira da faculdade por ter passado da data de vencimento. Logo, logo vou perguntar a ela se é carteira ou algo do tipo. Esses dias ela estava dando banho na cachorra do vizinho, ela é conhecida como a "Mexeriqueira". Tá eu me aceito. Estou tentando me encorajar a abrir logo a caixinha de pensamentos de hoje. Era só o que faltava! Outra vez tentar me convencer que não tenho coração. Ah! Já até me acostumei com isso, mas é que estou com um desejo constante de isolamento. Entre ir ou não ao cinema hoje, mudo de ideia a cada 8 segundos. Mas, provavelmente vou gastar mais tempo resolvendo do que vendo o filme. Eu sei que afasto as pessoas com a mão, mas é que o ouro é muito valioso para dividir com qualquer um. Por isso já decidi é melhor que eu não vá. Respiro. Inspiro. Respiro. Inspiro. Respiro. Inspiro. De volta ao mundo real. Últimas horas de viagem emocional. Tem coisas que jamais sairão do coração. Não importa o que se faça. É que desaprendi um tanto da vida. E por acaso será que já aprendi algo? Não estou pronta para saber a verdade. Inclino-me de forma cediça. Me cumprimenta o passado. Evito encontrá-lo. Olhos no chão. Fujo pela porta de trás. Todo o resto é parede. Ele bem que podia vir me ver qualquer dia desses. Ligo ou não ligo? Não Ligo. De quem não fujo, Não corre atrás.

Colombina a que ama, a que fere, a que não esquece!

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