Eu odeio acordar cheia de questionamentos! Sei lá o que fazer de você dentro do peito.
Nesses últimos dias de chuva algo aconteceu. Serenou. E mais que isso, eu pensei: "eu quero mais". Então eu ouvi uma coisa, algo bobo e que nem lembro se li ou assisti, só sei que alguém dizia: 'você não vai ter, se não pedir". E eu discordei. Odeio a ideia de ter de pedir algo que na minha concepção de mundo não é para ser pedido. Quer dizer, acho que são várias que eu não me atreveria a pedir. Porque não é justo, porque não me parece certo, porque eu sempre achei que a pessoa só deve fazer aquilo que quer. Porque não precisaria pedir, eu não pedi. Mas eu talvez pediria, bom se fosse nesse caso.
Eu pensei que numa hora ou outra as coisas ou o meu mundo voltariam para o lugar. Meu mundo não voltou, ainda. E de algum modo eu resolvi agir. Não sei se é o jeito correto. Não são grandes planos. Não é grande coisa.
Às vezes eu gostaria de te ouvir dizer para não desistir, ou que vai dar certo, ou alguma coisa insana que eu talvez negaria e te chamaria de louco mas eu saberia que você se importa também. Não que você não se importe, eu não estou dizendo isso. É que cheguei num estágio onde nem esperança eu quero ter mais. E olhe que não é medo de doer. Nem há choro, nem agitação. Eu só quero o passo à frente. Com ou sem você, acredita?
Se pudesse escolher, te levaria comigo.
Sou propensa a não ser como todas as pessoas do mundo que conseguem acordar dispostas, bem humoradas, mal-humoradas, preguiçosas, felizes, tristes, atrasadas, despreocupadas e, dentro dessa gama de possibilidades eu ignoro tudo o que é naturalmente possível e acordo confusa, me questionando sobre uma série de coisas as quais já me fizeram perder várias madrugadas de sono, e depois da faísca de desmaio que vem durante a noite, eu me levanto cheia de perguntas.
De sorte que essas tantas indagações vão se perdendo durante o dia, não é o acaso, é de propósito. Me distraio e me torturo com as tantas outras coisas que o dia me oferece para esquecer, assim, devagarinho todo o resto de perturbação que ainda se agarra à teia da minha memória... Mas eu sou uma idiota, mais que isso, sou uma idiota com uma disposição natural para ser estúpida e basta qualquer coisa do dia para me lembrar, para se iniciar um diálogo bélico entre os anjos e demônios de minha consciência. E não me peça para identificá-los. Eu nunca sei a diferença entre eles. Eu não sei exatamente o que fazer com eles. A única coisa que minha natural habilidade para ser frouxa me permite é me enganar entre as folhas e folhas que se amontoam sobre a minha mesa e me perder em meio às dores de cabeça que isso me causa. O dia segue, preciso terminar o trabalho, preciso estudar e ainda me concentrar em mim mesma, porque a cada noite devo estar forte para engolir a seco as dores e martírios que eu mesma me proporciono.
Se eu desse conta escreveria tudo aqui, sabe? Descreveria em cada linha o sabor amargo desses pensamentos que já acordam comigo. Como se escrever fosse uma forma de encarar tudo aquilo que só sinto, mas não vejo; e por não ver penso que não entendo. Queria poder encravar em algum lugar, aquilo que não consigo alcançar, e depois de encravadas, encarar tais coisas como se encara um prato estranho e frio. Com medo, curiosidade e, em certo ponto, uma vontade sacana de devorar tudo aquilo e congratular-se pelo prazer que isso causa... No entanto o paladar da minha alma não é tão refinado; não se agrada com o que é tão exótico. Não adianta tentar! Me trato como um déspota e não me desobedeço. Engasgaria no primeiro trago, no primeiro gole, e vomitaria todo o fel que existe aqui dentro... Eu me sentiria mais doce, mas talvez o contrário aconteça e, ao cuspir todo humor amargo que guardo aqui dentro, as coisas passem a ficar sem sabor. E só por isso continuo... Porque acho mais fácil e cômodo digerir esse fel escuso do que viver sem sentir nenhum sabor! Estou cansada e desmedidamente decidida. Mas só Deus sabe como meu coração está triste.
Espero... Entrego... Talvez!
Do fundo frio do peito...
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