O Caio disse que é tolo entrar em depressão com pouco mais de 20 anos, e é mesmo, tanta coisa para viver, ver, sentir, ter... E eu aqui nesse marasmo infinito, mas confessso que é dificil me desvencilhar de coisas que a pouco eram minhas e no minuto seguinte já não eram mais.
Ah é que as vezes me chegam dias como hoje, em que reconheço que não posso lutar em guerras para as quais não tenho armas, hoje me sirvo de pensamentos um tanto realistas, de que certas coisas não me servem mais, pensamentos do tipo "chega" e "é perda de tempo" algo desse tipo, acho que paciência não combina mesmo com sentimento. O silêncio só aumenta a minha ansiedade, e eu nunca consigo terminar o que começo, quando vou ver já estou no meio, perco o inicio, daí antecipo o final, e isso está se tornando cada vez mais ácido. Por vezes tento me controlar, busco um foco, mas quando vejo uma luz, olho para o lado e vejo mais umas dez, a qual devo seguir meu Deus? talvez eu complique demais, talvez eu precise de um calmante, ou uma dose de desesperança, só me interesso pelo que ultrapassa. Quero coisas normais, quero querer coisas normais. Afinal por onde anda a minha vaga? e o meu caminho? essa trilha me tirou da estrada, me levou a um atalho que só me faz andar em circulos, alguém ai me manda um sinal? fumaça, gritos sei lá qualquer coisa. Chega em mim e me chacoalha, talvez isso funcione. Concentração: preciso disso, me concentrar no que mais me interessa, mudo de idéia tão rápido, porque? complicação é meu sobrenome e a complexidade me acompanha. E quando passo pela porta do quarto, logo atrás vem a duvida, pregada nas minhas costas. Eu ando sorrindo mentiras por ai, ando tentando querer mais o que é importante. Todo mundo precisa se perder um pouco para se encontrar, mas eu não estou nem perdida, já estou esquecida. Quero o caminho de volta se é que ele existe. Talvez me falte coragem, por vezes sou medrosa... Por vezes sou fria... Por vezes me acomodo. Me sinto pequena demais para um mundo tão gigante, e percebo que estou cada vez mais ficando para trás. Hoje amanheceu o primeiro dia de um mês assombrado. Agosto entrou enfim pela ponta dos pés, para mim podia ser um mês apenas no calendário, mas ele está aqui de volta fazendo seus talhos na madeira marrom da memória, em plena luz do dia vejo o fio de sua navalha afiada avaliar as minhas feridas e o sangue se espalha lentamente pela minha pele. Me aperta a deslumbrante certeza de que em mim está sendo despejado dias misteriosos que começam a fluir em meus olhos marejados de lágrimas, busco no céu azul celeste sem fim a razão destes muros cada vez mais altos que o medo tem levantado a minha frente. Estou parada, a vida lá fora é indiferente, ela continua a seguir e a minha correnteza não a alcança, talvez eu não queira acompanha-la, talvez eu seja medrosa o suficiente para não encara-la, posso manter a distância que quiser, não vai dar certo. Não quero ficar para sempre presa a memória de um verão. Não. Não quero tornar a segurar a lança pela ponta. Mas sei que todas as noites as escondidas enquanto durmo alguém foge com as minhas certezas escondidas entre os dedos. Pelo menos deixe um bilhete na minha lapide, caso eu acorde.
"Não quero lembrar. Faz mal lembrar das coisas que se foram e não voltam. Agora já passou. Não sinto raiva, não sinto nada. Sinto saudade, de vez em quando. Quando penso que podia ter sido diferente."
Caio F. Abreu
Aaahh que amorrr!!!
ResponderExcluirAdorei...
BeijU:) Kah