quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Oras se fosses menos prepotente, talvez a tua genialidade viesse à tona.

Essa estória de apagar o passado, virar a página, riscar, não adianta é de nada, o melhor mesmo é pegar esse livro aonde a gente vai escrevendo a nossa vida, a nossa história e por fogo, assim só restarão resquícios de lembranças queimadas indo embora com o vento. Porque desde crianças os nossos destinos andaram de mãos dadas, por mais que de vez em quando a gente passasse em meio a alguns temporais e largássemos as mãos eles se entrelaçavam sozinhos novamente. E acontece até hoje, a gente se some, se enraivece, se esquece, mas depois sempre sou pega de surpresa vendo o seu destino raptar o meu de novo, mesmo que seja por uma coisa ruim como essa de ontem. Uma coisa assim, de fazer tremer a pele, bater mais forte o coração, palavras e mais palavras de desprezo todas da boca para fora e por fim fazer os olhos chorarem lágrimas de dor. Ah se a individualidade realmente existisse e cada ser humano pudesse viver constantemente sozinho sem se apaixonar, sem amar, sem lembrar, sem querer ninguém. Se conseguissemos ser assim tão auto suficientes e de alguma forma viver em um lugar aonde ninguém pudesse me alcançar, nem você com esses braços tão maiores que os meus. Se eu tivesse o poder de fazer você engolir a seco todas essas palavras faladas, pensadas, todas as palavras vindouras de um coração enraizado de arrogância, palavras que até hoje você usa para me ferir. Tudo o que eu mais peço a Deus é para que ele navegue comigo nesse mar em fúria, e me ajude a conseguir passar pelas tempestades que só querem me fazer naufragar, que ele sustente as minhas velas e faça o meu casco forte, e me guie até a praia, porque até hoje só consigo vê-la da minha luneta ao longe. Apenas encontro garrafas boiando com mensagens dentro, prometendo a bonança tão esperada. Quase não consigo mais ser capitã desse navio, o mastro está ficando cada vez mais pesado, e já quase não consigo girá-lo para o lado certo. O céu a noite distrai a minha mente, me fazendo enxergar apenas as estrelas que parecem os teus olhos ou o teu sorriso. E quando é dia só vejo miragens da tua boca me chamando. Já avisei a ti Senhor que estou quase morrendo, não tenho mais comida, nem água para beber, a minha tripulação já não existe mais, foram todos mortos por aquele monstro que estraçalha corações, seus corpos a terra não há de comer, e suas almas estão a vagar por este mar nebuloso. Já avisei a ti Senhor que estou quase desistindo, por favor me tire destas águas revoltas e me faça aguentar firme porque sei que esta dor está findando e não quero morrer na praia.

Colombina

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