Lembrar e relembrar como tudo começou...
Ouvir você com som alto na minha calçada, buzinando, olhando para a porta e esperando eu abrir o portão… Toda vez sempre igual.
Mandar emails quando brigavamos, buscando uma reconciliação, te escrever cartas, tentando materializar o amor sentido dentro do peito, mensagens, as mais inesperadas possiveis.
Te abraçar, sem o tormento da perda…
Tardes de TV jogando o tempo fora, filmes no meu quarto, mais edredons e pizzas na sua cama, meu chiclete e o seu chocolate guardados dentro do carro.
Andar léguas de mãos dadas, mesmo que estivessem suadas.
Suas broncas…
Me levantava com um braço só,
Cheiroso…
Sentir sua respiração.
Seu sorriso que me fazia sorrir…
Fazer carinho nas suas costas, enquanto você fingia que dormia só para eu não parar de deslizar os meus dedos…
Dizer que você era lindo e era meu, quando te sentia chateado...
Passar noites acordada, a você me juntar, ignorando o que eu não gostava, só para ficar mais perto de você.
Dividir amigos…
Espalhar carinho…
Passar tardes de domingo na sua casa, te vendo jogar video game, sem nem me deixar encostar nos controles, sem me dar conta das horas…
Estrada de chão, poeira...
Escutar suas angústias com a familia, tentar te convencer a fazer o certo…
Te cobrir, ver você dormir…
Esperar todos os seus momentos…
Esperar você pular a janela, sem os cachorros latirem.
Aprender a gostar mais ainda de futebol…
Apenas um natal…
Apenas um dia dos namorados…
Poucos aniversários…
Te olhar passando o perfume em um espelho, mas o cabelo só podia ser penteado no outro banheiro...
Observar logo cedo você preparar leite com toddy no microondas, jogar leite em pó dentro e comer com a colher...
Ouvir você pedindo suco de limão para a minha mãe todo final de semana, enquanto eu tomava refrigerante.
Rir quando você ganhava um tênis novo e se gabava sempre...
Escutar você falando sempre sobre dinheiro.
Ouvir você dizendo que todo mundo era um saco.
Ler os seus gestos, entender o seu jeito machista e orgulhoso, admirar as suas visões sobre a vida que passava na nossa frente…
Sempre escrever sobre você nas minhas agendas de adolescente…
Parabenizar pelo ganho do primeiro carro.
Te abraçar quando sua mãe viajava.
Meu medo de te perder.
Nossa fama.
Andar na rua…
Viajar aqui para pertinho uma única vezinha e ao invés de curtir, dormir a tarde toda…
Aguentar que você tinha aprendido a beber, sair, mentir, trair...
Parar para tentar te entender, perdoar, enchergar, abraçar, amar, parar para viver você…
Podiamos ter passado mais tempo fazendo coisas juntos, como as noites de teatro, cinema, fondue…
Ficar deitados até mais tarde, conversando, rindo e brincando de lutinha…
Ter encontrado um jeito de passar por cima dos nossos dramas mais tranquilos, esmaga-los e esquece-los…
Passar mais tempo na sua casa e dividir mais pensamentos e desejos.
Você ir comigo aonde eu quisesse…
Nos conhecermos ainda mais…
Saber se você largaria tudo por mim, e passaria junto comigo todas as tardes até ficar velhinhos…
Perder mais tempo beijando em vez de falando, amando em vez de brigando, esquecer o horário, ter parado de ir embora querendo ficar mais, ter deixado de lado um pouco os amigos, Perder tempo sorrindo…
E amar, pular, brincar… E dividir mais o sofá, o tapete, o chão, o seu coração. Te ajudar a cansar menos durante o dia e cansa-lo muito durante as noites… E levantar, se entregar e dar boa noite todo dia e avisar sempre aonde ia, recomeçar toda manhã, fazer mais dengo, te fazer sorrir mais.
Devia ter esquecido para sempre as magoas que sempre nos perseguiram, devia ter parado de ficar parada esperando as coisas aconteceram por si próprias, decidido logo se abria a porta ou te mandava embora, parado de derramar minhas lágrimas por todos os lugares, deixando sempre um rastro. Mais confesso que ainda arrisco, te espero, e espero o tempo me dizer a hora de parar e desistir. Mesmo diante da sua e da nossa ridicula, imatura e orgulhosa necessidade infinita de se afastar e se ignorar, amo você. E por tudo aquilo que vivemos não te esqueço e te pinto sempre na minha memória. Volta!
Colombina...
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