quarta-feira, 8 de junho de 2011

Coisas que você nunca vai saber!

"Nada ficou no lugar
Eu quero quebrar essas xícaras
Eu vou enganar o diabo
Eu quero acordar sua família...
Eu vou escrever no seu muro
E violentar o seu gosto
Eu quero roubar no seu jogo
Eu já arranhei os seus discos...
Que é pra ver se você volta,
Que é pra ver se você vem,
Que é pra ver se você olha,
Pra mim...
Nada ficou no lugar
Eu quero entregar suas mentiras
Eu vou invadir sua aula
Queria falar sua língua...
Eu vou publicar os seus segredos
Eu vou mergulhar sua guia
Eu vou derramar nos seus planos
O resto da minha alegria..."

Eu canto... E ouço sempre essa música... É que ficaram no esquecimento, as cartas de amor que hoje repousam em sua gaveta solitária ou foram parar em algum lixo fedorento, e as que não foram nem escritas pelo medo da sua resposta, ou de não receber resposta nenhuma. As rasgadas, que se assim estiverem continuam vivas, porque você sabe que elas existiram e você também sabe das palavras contidas nelas, as mal dobradas, as manchadas de lagrimas ou caneta ruim. Todos os sentimentos expressados e horriveis que só são horrivéis pela verdade contida neles, pela vontade de dizer tantas coisas sem motivo e dize-las mais de mil vezes. As poucas fotos que talvez tenham sido mesmo jogadas fora por mãos sujas merecedoras de um massacre sangrento. Todas as ressacas ridiculas das noites vazias, que poderiam ter sido facilmente evitadas, que acabaram sendo preenchidas de música e qualquer coisa. Os risos forçados em público que hora ou outra geram amargas lágrimas no travesseiro, os passos vazios que acumulam uma tristeza ainda maior. Os finais de semana que doem e roem todas as minhas juntas. As mentiras que conto para que eu mesma acredite nelas e que as vezes elas preenchem o que devia ser ocupado por você. A melancolia que cresce e a magoa por coisas pequenas e tolas mas que são capazes de provocar estalos de ódio. Talvez seja por isso e também por mais algumas coisas que não tenho nada aqui dentro. Porque todo o perdão, todo o seu amor, todas as chances só existe para os outros, para os não covardes, para os inocentes, para os que se deixam levar pela vida e pelas pessoas e são felizes desse jeito, para os não fugitivos, para os livres de alma, para os sem sentença, para os merecedores. Não para mim. Que sou artista, fui traidora, sou intensidade. Não para mim. Que fui tão e somente uma menininha egoista e estúpida o bastante para cometer um erro imperdoável. Não consigo aceitar que fiz isso. Não me conformo. E não consigo viver de jogos porque isso rebaixa o amor à uma adrenalina momentânea inpensada, porque não acho que o pressuposto dos relacionamentos é sofrer. Eu não sou assim. Não quero ser assim. Posso até gostar da solidão, mas não gosto de sofrer. Sabe, eu tenho tentado, inutilmente, ser melhor. Tenho travado diariamente lutas violentissimas contra mim mesma. Porque me perdi no meio do caminho e não posso ter o que eu tinha e não posso voltar ao que era, tampouco posso parar de seguir em frente. Não é possivel meu Deus, deve haver uma maneira de evoluir sem perder o direito de sentir e de ser feliz. De crescer sem perder a esperança nas pessoas. Mas é que aprender isso sozinha é tão triste e doloroso: torna todo o processo quase impossivel. Todos os dias ouço todas as palavras certas das pessoa erradas e estou sempre cercada de todas as pessoas erradas que insistem em tentar me fazer feliz quando são incapazes por natureza, inutéis pessoinhas. Perdoem-me a indelicadeza, e a minha maneira bronca. Mas é que me falta a consciência de amar. Me sobra o medo de ser mal entendida. Ainda tenho limitações bobas que não se explicam com definições certas, palavras para explicar não existem. Tenho guardado um dicionário inteiro de termos ainda não conhecidos para falar sobre mim. Não sei o que, não sei o motivo, não sei como. Não sei se quero, ou quando quero. Não explico, nem me importo. Apenas sou. E me tornei assim. Ai essas pessoas enjoativas me perguntam se eu não tenho coração. Eu tenho. Tenho um coração vazio de ódio ou amor. Se você não consegue ouvi-lo é porque não faz ele bater. É que fui provocada, ofendida, brigaram comigo, e me deixaram presa no comum. Permiti que o tédio silenciasse o meu coração, então parem de bater na porta, ela está aberta apenas para o sem volta daquele homem.


"Sinto uma falta absurda de você. Ficou um vazio que ninguém preenche. E penso e repenso e trepenso em você... "


Caio F. Abreu

Nenhum comentário:

Postar um comentário