sexta-feira, 24 de junho de 2011

Dias como esses não deveriam existir!

Sou um nó, tentando ser laço... É que algo me prende nesse sonho lúdico, ultimamente não tenho conseguido ser eu mesma, é que a cada dia que passa eu me largo um pouquinho nesses devaneios da minha mente insana, ontem estive de plantão naquele poço de mágica, joguei todas as minhas moedas nele e fiz pedidos com cada uma, e tudo o que eu havia perdido eu pedi, e eu não desisto mesmo, sempre encho aquele poço de lágrimas para jogar novamente as moedas, força de pensamento é o que mais tenho, é dificil chegar até ele, cheio de lodo e plantas venenosas em volta, mas o que vem fácil vai fácil, então nem reclamo.
Sou semente tentando ser alguma flor... É que nunca sou regada ao ponto de crescer, e a luz do sol quase não me ilumina, a minha estufa também está suja e mal ventilada, e os passáros não cantam aqui por perto, é que tem um bicho malvado aqui pelas redondezas que rosna muito, o barulho é ensurdecedor, de assustar qualquer um, eu só vejo a sua sombra. As vezes sinto respingos finos no meu ombro mas quando olho para o lado vejo que são apenas as minhas lágrimas batendo no móvel quebrado e salpicando tudo ao seu alcance.
Sou lagarta tentando ser borboleta... É que nunca consigo sair do casulo da saudade, e quando consigo morro logo no primeiro voo, minhas cores estão fracas, e minhas asas não batem como deve ser, meu brilho não ofusca e não deixo nenhum rastro, deve ser porque o meu casulo está jogado no chão, perdido em baixo de algum tronco velho e úmido. Não escuto o som da natureza e se eu gritar meu eco some em meio aquelas cataratas de tristeza que ficam logo ali mais a frente.
Sou verso, tentando ser poesia... É que as coisas bonitas que as vezes sinto nunca são suficientes para formar tal poesia desejada, e quando as teclas começam a sumir em meus dedos formulam apenas versos de arrependimento, somando com outros de melancolia, enchendo a tela de segredos guardados no fundo da alma. Porque poesia havia quando seus olhos eram como um zoom atentos a todos os meus movimentos, mesmo quando esses eram com a minha mão no seu peito te empurrando para qualquer lugar.
Sou 100, tentando ser 1000... É que venho tentando ser melhor a cada dia, para suprir tudo o que nunca consegui ser naquela época em que você tentava fazer com que eu fosse mais do que badulaques de pescoço. Mas que tola eu sou, é que eu não consigo aceitar que o tempo passou e não adianta mais tentar ser aquele objeto de decoração caro e bonito que você almejava tanto, mas que de certo depois você colocaria na sua estante, em meio aos livros antigos. O máximo que sempre consegui ser foi um cinzeiro e nem era daqueles que ficam na mesa de centro, mas daqueles que ficam na mesinha de canto, tentando ser visto algum dia, por olhos que só enchergavam o que queriam ver.
Sou assim, meio tudo e meio nada, meio inferno e meio céu, meio terra e meio água, meio lua e meio sol, meio sorriso e meio lágrimas. E nessa gama de ser... Em apenas um aspecto sou inteira, é quando se trata de você!


"No palco, na praça, no circo, num banco de jardim,
correndo no escuro, pichado no muro...
Você vai saber de mim."

Chico Buarque

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