sexta-feira, 24 de junho de 2011

Dias como esses não deveriam existir!

Sou um nó, tentando ser laço... É que algo me prende nesse sonho lúdico, ultimamente não tenho conseguido ser eu mesma, é que a cada dia que passa eu me largo um pouquinho nesses devaneios da minha mente insana, ontem estive de plantão naquele poço de mágica, joguei todas as minhas moedas nele e fiz pedidos com cada uma, e tudo o que eu havia perdido eu pedi, e eu não desisto mesmo, sempre encho aquele poço de lágrimas para jogar novamente as moedas, força de pensamento é o que mais tenho, é dificil chegar até ele, cheio de lodo e plantas venenosas em volta, mas o que vem fácil vai fácil, então nem reclamo.
Sou semente tentando ser alguma flor... É que nunca sou regada ao ponto de crescer, e a luz do sol quase não me ilumina, a minha estufa também está suja e mal ventilada, e os passáros não cantam aqui por perto, é que tem um bicho malvado aqui pelas redondezas que rosna muito, o barulho é ensurdecedor, de assustar qualquer um, eu só vejo a sua sombra. As vezes sinto respingos finos no meu ombro mas quando olho para o lado vejo que são apenas as minhas lágrimas batendo no móvel quebrado e salpicando tudo ao seu alcance.
Sou lagarta tentando ser borboleta... É que nunca consigo sair do casulo da saudade, e quando consigo morro logo no primeiro voo, minhas cores estão fracas, e minhas asas não batem como deve ser, meu brilho não ofusca e não deixo nenhum rastro, deve ser porque o meu casulo está jogado no chão, perdido em baixo de algum tronco velho e úmido. Não escuto o som da natureza e se eu gritar meu eco some em meio aquelas cataratas de tristeza que ficam logo ali mais a frente.
Sou verso, tentando ser poesia... É que as coisas bonitas que as vezes sinto nunca são suficientes para formar tal poesia desejada, e quando as teclas começam a sumir em meus dedos formulam apenas versos de arrependimento, somando com outros de melancolia, enchendo a tela de segredos guardados no fundo da alma. Porque poesia havia quando seus olhos eram como um zoom atentos a todos os meus movimentos, mesmo quando esses eram com a minha mão no seu peito te empurrando para qualquer lugar.
Sou 100, tentando ser 1000... É que venho tentando ser melhor a cada dia, para suprir tudo o que nunca consegui ser naquela época em que você tentava fazer com que eu fosse mais do que badulaques de pescoço. Mas que tola eu sou, é que eu não consigo aceitar que o tempo passou e não adianta mais tentar ser aquele objeto de decoração caro e bonito que você almejava tanto, mas que de certo depois você colocaria na sua estante, em meio aos livros antigos. O máximo que sempre consegui ser foi um cinzeiro e nem era daqueles que ficam na mesa de centro, mas daqueles que ficam na mesinha de canto, tentando ser visto algum dia, por olhos que só enchergavam o que queriam ver.
Sou assim, meio tudo e meio nada, meio inferno e meio céu, meio terra e meio água, meio lua e meio sol, meio sorriso e meio lágrimas. E nessa gama de ser... Em apenas um aspecto sou inteira, é quando se trata de você!


"No palco, na praça, no circo, num banco de jardim,
correndo no escuro, pichado no muro...
Você vai saber de mim."

Chico Buarque

terça-feira, 14 de junho de 2011

sonhar ainda é permitido...

Ah que saudade disso aqui, é que ando muito atarefada sabe, essa vida de ser esposa, mãe, chefe, filha, tudo ao mesmo tempo, não é fácil não... Toma todo o tempo da gente e por isso estive ausente, mas agora consegui dar uma escapadinha para vir aqui no meu querido lar, é que eu me lembrei e ri atééé... De algumas coisas e vim compartilhar claro.

Ontem fomos ao coquetel de inauguração da unidade 5 na Asa Sul, que por sinal foi maravilhoso, e na volta viemos conversando eu e o Sr. do psicológico ultra superior e avançado. É, ele continua o mesmo, mas agora é um amor de pessoa sabe, super carinhoso. O Artur veio dormindo no banco de trás, também do tanto que correu, não podia ser de outra forma, ah é por falar nele, 2 aninhos completos na semana passada, com direito a festa e tudo mais, apareceram umas pessoas incovenientes, mas não vamos falar nisso agora. Continuando... Vinhamos conversando sobre o nosso passado contubardo, relembrando um pouco e sorrindo, daí eu deitei a cabeça no banco e olhando para um céu estrelado me recordei de todo aquele dia tenso que vivi a anos atrás, graças a Deus passou e nossa hoje já estou com 29 anos, como passou rápido. A estrela ao lado dirigia e me ouvia silenciosamente, eu comecei...

Como de costume naquele dia acordei pela manhã já com você no pensamento, eu não ia trabalhar, levantei tomei um banho e fui ao salão fazer as unhas, francesinha como era de costume, agora gosto mais do vinho e do vermelho, voltei para casa, fiz um belo almoço e com você ainda no pensamento, lá pelas 16 00 me bateu uma vontade de te ver sabe, e resolvi que aquele era o dia de me vestir e pintar o rosto para a guerra, me calcei, me penteei, me perfumei, e idéias e mais idéias do que te falar vinham a minha cabeça, era um misto de realidade com deslumbramento, eu realmente tinha tomado coragem, enfim peguei a bolsa a chave do carro e sai, direto a boca do leão, o percurso até chegar ao meu destino parecia interminável, quando cheguei, aquele prédio parecia um forte, com gigantescos muros em volta e vários soldados para impedir a minha entrada, as minhas pernas tremiam, as minhas mãos suavam, o meu coração batia tão forte chegando a quase parar de bater, e eu repeti a seguinte frase por 3 vezes: Senhor me guie e esteja a minha frente, me dê sabedoria e que daqui para frente, seja feita somente a tua vontade, amém. Desci do carro como se estivesse sendo levada à pena de morte, mas respirei fundo e subi aquelas escadas com um medo absurdo, comprimentei a todos, conversei, sorri, matei saudades e depois fui até você, na sua sala que era até arrumadinha, sentei e conversamos, você sorria, conversava no msn e postava tolisses no ainda muito usado facebook, jogava coisas na minha cara e sorria novamente e eu ficava ali te admirando. Até que você esqueceu um pouco as teclas e me olhou, eu te olhei profundamente e ficamos calados por alguns segundos, eu muito anciosa e nervosa disse: bom então já vou indo, e você disse: "vai não" eu sentei novamente e disse: "mas você está trabalhando, não quero atrapalhar" e você disse que se estivesse mesmo ocupado, não pediria para que eu ficasse. O telefone tocou e depois de vários toques você atendeu e disse: "peça para ela vir ás 20 00 em ponto e me procurar", eu me sentia como se estivesse caindo em um abismo de desespero, e disse: bom então e como você está? e a resposta nem preciso dizer qual foi, só sei que de repente em um surto repentino eu perguntei se você achava que algum dia poderia me perdoar, e você disse que não e que seria impossivel, eu respondi que tudo bem, mas que queria que você soubesse que eu estava ali pronta para recebê-lo, e que não importava se isso fosse demorar 10 ou 20 anos, mas eu continuaria cultivando aquela esperança, (e a respeito disso eu me tratava como uma déspota, eu era obediente a mim mesma), você deu uma risadinha, mas eu continuei a dizer para que me perdoasse e que eu esperava que um dia você deixasse aquele orgulho de lado, você se recostou na cadeira, cruzou os braços e eu já era mestre em ler os seus gestos, então me levantei fui até você, pedi um papel e uma caneta, e disse: eu jamais pensei que fosse te mostrar isso um dia mas anotarei aqui o endereço da minha segunda casa, se quiser me conhecer melhor novamente e saber como foram todos os meus dias longe de você, vá me visitar, lhe entreguei o papel e você disse: colombinaaa.blogspot.com o que é isso? eu respondi para que depois quando estivesse tranquilo e sem ninguém por perto você entrasse e lesse com atenção, e pedi para que enchergasse não com os olhos da face, mas com os do coração. Te abracei, dei um cheiro no pescoço e disse: espero que você entenda cada palavra, porque cada uma delas é sobre ti, você pode até achar meio estúpido, mas leia com carinho. você me olhou com uma cara, querendo dizer que não estava compreendendo nada, mas eu sabia que quando entrasse no meu mundo escondido saberia do que eu estava falando. Então me despedi e fui embora, cheguei em casa aflita e não durmi aquela noite, pensamentos me visitavam, multidões de pensamentos não me deixaram dormir e eu chorei ainda de saudade, depois disso se passaram dias e meses e nesse tempo eu não havia mais te visto, nem te ouvido, e aquela altura eu já não procurava saber nada sobre o que estava acontecendo na sua vida, fiquei quieta no meu canto.

E em um domingo quente, com sol, domingo que para mim era de filme em casa, alguém buzinava lá fora, quando saí, avistei um carro grande, a janela do carro foi abrindo e quando vi que era você eu não acreditei, peguei as chaves e abri o portão, então você tirou os óculos escuros e disse: "sua mãe e seu pai estão em casa?" ah não estão? vamos ali lanchar então?" entrei no carro e não sabia como me comportar, não sabia o que dizer, nem de como me sentar, não sabia nada meu Deus, aquilo era tudo o que eu queria, eu não acreditava, estava quase tendo um surto de felicidade só por ter te visto ali na minha rua novamente e ainda por cima no meu portão, e a partir daí tudo foi diferente e aos poucos tudo foi voltando para o lugar certo de onde nunca deveria ter saido...

Amoor, amor? chega de lembrar disso, você está parecendo uma narradora de filmes...

Eu sei, mas lembrar é engraçado não é? como eramos imaturos...

É amor, é verdade, agora olha o Artur quase acordando, vai começar uma choradeira...

Calma filho estamos chegando em casa...

Noite maravilhosa, dormimos como anjos... E quem diria, casamos, temos uma casa, tomamos café de manhã, discordarmos quanto a cor das cortinas, arrumamos a cama diariamente, a geladeira está repleta de vegetais e sucos, adiamos sempre o despertador umas trinta vezes, sentamos no sofá eu de pijama e pantufas, ele de cueca boxer branca, saimos para jantar em dia de chuva, nos beijamos no meio de alguma frase, ele pega no sono com a mão no meu cabelo e eu, escuto sua respiração. Eu sorrio sem motivo e ele sempre pergunta porque, eu não respondo, ele já sabe.


Hoje é sabado, o Artur acordou mais cedo do que de costume, e o meu Sr. do psicológico ultra superior e avançado me deu um beijo de bom dia e agora está ali na sala de TV, assistindo qualquer coisa... Tipico dele né!

Agora a pouco a minha sogra chegou, o Artur é louco por ela, e ela nem preciso dizer que é a avô mais coruja do mundo. Ela perguntou o que ele queria ser quando crescer, ele respondeu: "gande igual papai"


"Sinto a sua falta como se me faltasse um dente na frente: Excrucitante."

Clarice Lispector

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Eu sempre escrevia nos cadernos: Amor verdadeiro, amor eterno!

Estou precisando tirar férias de mim, férias dos amigos, férias do trabalho, férias dos pensamentos, dos sentimentos, férias, férias disso aqui também, estou precisando tirar férias, férias da cadeira que roda, do computador colorido, do telefone que toca, do celular que vibra, das noticias ruins, dos homens romances que tentam me conquistar, do barulho dessas teclas, da minha caneta, até da minha familia, dos sonhos, dos presságios, das lágrimas, das lembranças, das músicas, do trânsito, daquela ausência que tanto machuca, férias, férias, férias das visitas mal vindas, das vozes cansativas, dos problemas alheios, da forma de pensar das pessoas que acham que sabem o que é melhor para mim. Porque droga vocês não sabem. Preciso de férias, férias do tédio, férias do tempo corrido, férias das mesmas perguntas, das mesma respostas, das minhas fotos, das suas fotos com gente superficial, das senhas, das visões de futilidade, dos convites de festas, férias meu Deus, preciso de férias, férias de tudo, férias do mundo... Ir para bem longe aonde nada e ninguém me alcance, aonde eu possa ser livre, aonde eu tenha fé no que não vejo, um lugar que seja permitido gritar, pular, viver da minha forma, passar o dia do meu jeito, seja ele triste ou alegre e sem ninguém, perguntar o motivo, sem a ironia das pessoas, sem os cinismos, sem as palavras artificiais, um lugar que seja meu, um lugar aonde eu seja aceita como sou, e seja bem recebida mesmo com todos os meus erros do passado, mesmo com todas os meus arranhões, um lugar com brisa fresca, e agua corrente, um lugar com nuvens realmente brancas, um lugar bonito, um paraiso... Eu queria poder ver através do tempo, e saber como estarei daqui a 5 ou 10 anos, sabe, eu queria poder também voltar no tempo e fazer tudo aquilo sumir, eu quero, eu quero esquecer, eu quero poder ver o que há de bom em tudo isso, eu quero enchergar melhor, eu quero o cheiro, o abraço, eu quero um mundo novo, eu quero uma vida nova, me mostre esse lugar, me apresente o invisivel, me tenha, me queira, me ame, me leia... Me leve a este paraiso indispensável, quebre esta parede, jogue tudo fora, e venha tirar férias comigo, do orgulho, das palavras ardilosas, dos pensamentos negativos, do passado dolorido, das pessoas influênciadoras, tente fazer tudo diferente, pegue a minha mão e venha comigo, podemos criar um vale de flores, e uma era paralela, onde você tenha coragem de tomar uma posição e dizer: Eu perdoo e ficarei contigo. Me carregue nos braços, porque me sinto fraca e sem vida, estanque o meu sangue, cure as minhas feridas, volte todo o percurso e recomece a contar o tempo do zero. Porque eu estou cansada dessa vida do lado de cá, acabei ficando dura de coração, sou de touro, um signo bastante dificil de lidar, bom todos acham. Eu me distraio com tudo, e você não sabe a facilidade que eu tenho de viajar sem nem sair do lugar, nem tudo o que eu conquistei ficou comigo, algumas atitudes que eu tomei me amarraram os pés no chão, fazendo com que eu me agarrasse a nada sem conseguir me soltar. Se tive paixõezinhas? Não, não, essas são para adolescentes, não combinam mais comigo, tem alguns que tentam me conquistar sabe e quando vejo que posso cair e sofrer, logo começo a pensar melhor, quando conheço alguém que talvez seja o ganhador da minha pena, ai já começo a racionalizar tudo sabe, tenho medo e começo a me perguntar coisas como: porque daria certo? Para que tentar? Se estou bem assim. E realmente funciona, sai rapidamente do meu cesto de dúvidas, ah é tudo mais fácil dessa forma, é que eu as vezes machuco as pessoas, você não faz idéia, mais é verdade seu moço, eu faço com que se apaixonem por mim como um desafio, testo limites, ai logo, enjoo e fujo sem explicações, e o mais engraçado é que consigo fazer isso sem ao menos me entregar, sem ao menos dar um beijo sequer, arraso corações, na esperança de encontrar alguém legal, alguém que me faça esquecer você Sr. do psicológico ultra superior e avançado, mas eu sempre aviso antes, que ainda dá tempo de fugir e fingir que não me viu, eu sei que consigo ser cativante, mas estou mentindo e enganando, pelo menos eu aviso para que controlem o coração e não se prendam a mim, digo para que fujam e não se aproximem, para que corram e não me escolham como a eleita dos seus dias, digo para que prefiram uma dessas garotas com perfil de orkut copiado e colado, que gostam de fotos com caras e bocas, que são faceis de contornar e que querem se perder em namoros. Essa meninas que sofrem e choram, mas que transparecem isso ao mundo inteiro, eu digo para que escolham uma que seja submissa, uma que consiga se apaixonar, amar e se apegar. Porque eu não sou assim, eu sou fria e sem coração e quando digo que não sou assim, estou mentindo e apenas fazendo tipo, eu aprendi com você e jogo com as palavras mesmo e não me arrependo de fazer isso, eu magoo e machuco, mas não é por maldade, é porque acabo achando a brincadeira legal e gosto de sorrir disso, eu sei que está meio errado, mas aviso antes, sempre digo para que procurem a saída mais próxima e conheçam um ser humano de verdade, comum, sólido, existente e que tenha palavras e promessas de carinho, porque eu só tenho agonia de toque e não tenho capacidade de jurar amor eterno, porque o meu coração é ocupado por uma esperança que não morre nunca, esperança de um dia conseguir tirar essas férias, e de você vir tira-las comigo. Porque com você, não consigo fazer tipo, não consigo ser fria e nem ruim, você é meu ponto fraco, meu ponto fixo e meu único ponto, quero que seja o meu ponto final.


"Mas de que adianta sair para festas e voltar para casa sempre com o coração vazio."

Caio F Abreu

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Coisas que você nunca vai saber!

"Nada ficou no lugar
Eu quero quebrar essas xícaras
Eu vou enganar o diabo
Eu quero acordar sua família...
Eu vou escrever no seu muro
E violentar o seu gosto
Eu quero roubar no seu jogo
Eu já arranhei os seus discos...
Que é pra ver se você volta,
Que é pra ver se você vem,
Que é pra ver se você olha,
Pra mim...
Nada ficou no lugar
Eu quero entregar suas mentiras
Eu vou invadir sua aula
Queria falar sua língua...
Eu vou publicar os seus segredos
Eu vou mergulhar sua guia
Eu vou derramar nos seus planos
O resto da minha alegria..."

Eu canto... E ouço sempre essa música... É que ficaram no esquecimento, as cartas de amor que hoje repousam em sua gaveta solitária ou foram parar em algum lixo fedorento, e as que não foram nem escritas pelo medo da sua resposta, ou de não receber resposta nenhuma. As rasgadas, que se assim estiverem continuam vivas, porque você sabe que elas existiram e você também sabe das palavras contidas nelas, as mal dobradas, as manchadas de lagrimas ou caneta ruim. Todos os sentimentos expressados e horriveis que só são horrivéis pela verdade contida neles, pela vontade de dizer tantas coisas sem motivo e dize-las mais de mil vezes. As poucas fotos que talvez tenham sido mesmo jogadas fora por mãos sujas merecedoras de um massacre sangrento. Todas as ressacas ridiculas das noites vazias, que poderiam ter sido facilmente evitadas, que acabaram sendo preenchidas de música e qualquer coisa. Os risos forçados em público que hora ou outra geram amargas lágrimas no travesseiro, os passos vazios que acumulam uma tristeza ainda maior. Os finais de semana que doem e roem todas as minhas juntas. As mentiras que conto para que eu mesma acredite nelas e que as vezes elas preenchem o que devia ser ocupado por você. A melancolia que cresce e a magoa por coisas pequenas e tolas mas que são capazes de provocar estalos de ódio. Talvez seja por isso e também por mais algumas coisas que não tenho nada aqui dentro. Porque todo o perdão, todo o seu amor, todas as chances só existe para os outros, para os não covardes, para os inocentes, para os que se deixam levar pela vida e pelas pessoas e são felizes desse jeito, para os não fugitivos, para os livres de alma, para os sem sentença, para os merecedores. Não para mim. Que sou artista, fui traidora, sou intensidade. Não para mim. Que fui tão e somente uma menininha egoista e estúpida o bastante para cometer um erro imperdoável. Não consigo aceitar que fiz isso. Não me conformo. E não consigo viver de jogos porque isso rebaixa o amor à uma adrenalina momentânea inpensada, porque não acho que o pressuposto dos relacionamentos é sofrer. Eu não sou assim. Não quero ser assim. Posso até gostar da solidão, mas não gosto de sofrer. Sabe, eu tenho tentado, inutilmente, ser melhor. Tenho travado diariamente lutas violentissimas contra mim mesma. Porque me perdi no meio do caminho e não posso ter o que eu tinha e não posso voltar ao que era, tampouco posso parar de seguir em frente. Não é possivel meu Deus, deve haver uma maneira de evoluir sem perder o direito de sentir e de ser feliz. De crescer sem perder a esperança nas pessoas. Mas é que aprender isso sozinha é tão triste e doloroso: torna todo o processo quase impossivel. Todos os dias ouço todas as palavras certas das pessoa erradas e estou sempre cercada de todas as pessoas erradas que insistem em tentar me fazer feliz quando são incapazes por natureza, inutéis pessoinhas. Perdoem-me a indelicadeza, e a minha maneira bronca. Mas é que me falta a consciência de amar. Me sobra o medo de ser mal entendida. Ainda tenho limitações bobas que não se explicam com definições certas, palavras para explicar não existem. Tenho guardado um dicionário inteiro de termos ainda não conhecidos para falar sobre mim. Não sei o que, não sei o motivo, não sei como. Não sei se quero, ou quando quero. Não explico, nem me importo. Apenas sou. E me tornei assim. Ai essas pessoas enjoativas me perguntam se eu não tenho coração. Eu tenho. Tenho um coração vazio de ódio ou amor. Se você não consegue ouvi-lo é porque não faz ele bater. É que fui provocada, ofendida, brigaram comigo, e me deixaram presa no comum. Permiti que o tédio silenciasse o meu coração, então parem de bater na porta, ela está aberta apenas para o sem volta daquele homem.


"Sinto uma falta absurda de você. Ficou um vazio que ninguém preenche. E penso e repenso e trepenso em você... "


Caio F. Abreu

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Não adianta, sem você a coisa é feia, realmente feia...

Estou a espera. É só chamar. Estou sem armas e descalça. Mas vou até a sala abrir a porta para você de novo. Entra, pode entrar. Pendure aqui a sua bandeira. Mas primeiro me deixe ver a cor que ela tem. Se for branca será ótimo. Não te assustes, quero mesmo que seja você e não outro. Senta aí no sofá, coloca tua máscara ali no canto. E me conta como estão sendo os seus dias. Me diz quantas serpentes você enleou nessa tua lança afiada. Ah por favor não repare os meus cd's espalhados pelo chão. Eu não tenho mesmo culpa desses mpb's que me caem sobre os ouvidos, é que eles combinam com o meu estado de viver. Eles estão aí simplesmente para me fazer companhia. É que eles sempre se mostram tão meus. Calma, não precisa franzir as sobrancelhas desse modo, nem fazer gestos escassos e nem ranger a voz com acusações inúteis. Você pode ficar aí sonhando acordado, como se o tempo estivesse a seu favor sempre. Mas experimente primeiro o meu vinho da compreensão com moderação. Não me julgue. Seja bom para mim. Quero tanto que fique. Quero tanto que me ajude a tirar essas teias que me impedem de sorrir. Espero te falar tudo isso. Mas penso que talvez esse dia ai nunca chegue, é que o silêncio e a distância nos une de um jeito que as palavras não conseguem. Mas sinto tanto a sua falta, é que alguns de nós vem de modelo simples, outros com brilho, mas de vez em quando aparece alguém assim como você irisdescente e quando aparece não há nada que se compare. Me recordei de um momento, era um sabado de manhã na sua casa, só havia nós dois, dentre aquelas paredes brancas, todos viajando e aquele quarto iluminado pela luz da manhã doce, aquele quarto de cortina azul claro, lá pelas 9 da manhã, os cachorros chamando a porta, aquela luz iluminava o seu rosto, uma leve brisa entrava pela janela, me fazendo arrepiar, você disse que me amava, e se quer saber não importa se eu ainda tiver 10 mil momentos como aquele, ou se foi só aquele, não importa porque seriam iguais e pelo menos naquele momento eu tive aquilo, eu tive nós, você... As vezes o que a gente mais quer não acontece e algumas vezes o que não esperamos cai no nosso colo. A vida é engraçada, conhecemos milhares de pessoas e nenhuma delas nos toca realmente e então conhecemos uma pessoa e a nossa vida muda para sempre. Você tocou o meu coração e me conquistou de uma tal forma que não consigo viver um dia sequer sem pensar em você, não consigo ter um pensamento sequer que não seja sobre você, não consigo fazer uma refeição sequer sem querer tê-lo ao meu lado e não consigo acordar uma manhã de sabado sequer sem desejar que você estivesse ali me esquentando, dizendo que me ama e me dando bom dia!


"Te vejo perdendo-se todos os dias entre essas coisas vivas onde não estou. Tenho medo de, dia após dia, cada vez mais não estar no que você vê".

Caio F. Abreu

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Você não sabe e nem sonha, mas você zera a minha vida!

Se você parar de gritar tão alto escutará que chamo. Ouvirá uma inconfundível voz autoritária falar. E será como uma inesperada agulhada de luz a espetar as suas espessas camadas de futilidades. É certo que a sua pobreza de tato poderá vencê-las, mas digo que de hoje em diante, o sol começará a espalhar a sua claridade sobre a minha cabeça. Você parou em mim com o mesmo olhar com o qual tinha me mandado embora naquele dia cinza, em que eu tentava limpar as manchas de sangue que, por um falso passo, teimaram em permanecer sob o tecido da minha roupa e nunca mais saíram. Isso foi naquele dia que era para ser de cinema, naquele dia que era para ser de reconciliação, naquele dia eu rasgaria tudo a minha frente, mas você me impediu, e me deixou no tempo, pedindo para que eu fosse embora para nunca mais voltar, e realmente eu fui. Então desse lado de cá, ficou apenas um barulho de gritos, rangeres de dentes e as  contorções de um corpo frágil atrás das janelas do carro, num brinde agonizante que só fazem as almas que se sentem estilhaçadas. Naquela hora então não pensei em mais nada, a única coisa que me parecia adequada era te deixar para trás, fantasiei que se eu parasse de procurar a luz dentro daquele labirinto, te encontraria muito mais fácil fora dele, eu queria mesmo era sair da minha exuberante fossa de mágica sobre a qual se erguiam muros em volta, quem sabe eu não encontraria seu reflexo escavando corações e fazendo buracos onde não devia. Tive a impressão que mesmo se eu gritasse seu nome de onde quer que estivesse, o eco da minha voz não voltaria, você não me escutaria. Então peguei as chaves do meu reluzente quadrado gol e deixei para trás a confusão ruidosa da sua casa. Passaram-se muitas horas até que eu conseguisse chegar a minha garagem, onde me refugiei por uns vinte minutos, mesmo assim não entrei sã em casa. Cheguei completamente desnorteada porque eu sabia que daquele dia para frente eu não moveria mas uma palha sequer, a luz do meu quarto não estava apagada, aquele foi o sinal a indicar-me que minha chegada já era esperada, pela minha mãe. Parei diante dela e a abraçei, eu chorava feito criança, era uma dor inexplicável, eu sentia que podia morrer naquele momento em seus braços aconchegantes. E ela apenas me abraçou, contemplando-me longamente em silêncio. O meu reflexo me entregava me mostrando um corpo maltrapilho e abandonado, como se a alma que habitasse aqui dentro tivesse sumido. Deitei na cama lentamente pensando escutar sua voz vibrar no vazio. O eco dela parecia desenhar sorrisos mortais em forma de espiral convidando-me a fazer a passagem de acesso à infelicidade. Como eu havia suspeitado estavamos no fim, no último adeus. Então eu já estava sozinha naquele quarto escuro e sem vida, deitada ainda de salto, suando como se tivesse trabalhado até não poder mais e chorando como se alguém tivesse morrido e realmente tinha mesmo, tentei ligar, mas desisti, meus dedos fizeram menção de acionar as pesadas teclas novamente, mas hesitei como se temesse não encontrar ninguém me esperando do outro lado da linha, e realmente não havia mais ninguém, Dei passos para lá e para cá, desconcertada. Eu não podia fazer mais nada, e tudo por um acesso de raiva impensado da minha parte, que eu tivera na semana anterior, e você não entendeu que não era nada demais, era só para fazer ciúmes, mas eu acho que exagerei. E você insistiu com mensagens, bem mais de duas ou três e ligações também até ouvir o rangido da minha porta e constatar que ela estava se fechando, eu realmente deixei vir á tona naquela época toda a mágoa de longos quase 6 anos. Então parei diante de mim e fiquei me olhando me sentindo um espantalho. Tentei reunir coragem para ligar e lhe dizer qualquer coisa, mas a saliva havia secado e os pensamentos foram incapazes de formular um único parágrafo. Percebi que eu não tinha forças para mais nada apenas para lágrimas. Como se a cura viesse por aquelas pérolas escorregadias que me entrecortavam as retinas, ajoelhei abraçada ao meu urso até implodir aquele silêncio maldito, e me esqueci do tempo, as feridas se abriram mais e chorei a noite toda. Fiquei abraçada ao meu urso até a luz do dia metralhar a minha janela e formar vários pontos de claridade na minha cortina. Senti na alma o verdadeiro começo de dias interminavéis de lágrimas. Deixei a luz morna do amanhecer me emprestar sua luminosidade, até que a temperatura subisse e devolvesse a minha sobriedade. Nesta manhã, minha alma amanheceu sem vida, mas eu me prontifiquei a pelo menos fingir que estava bem, depois as nauseas passaram. E, brinquei de balanço, me entreguei ao brilho daquele céu azul, desses que só existem quando estamos sonhando, sobretudo, se acordados. Voa...Voa...Voa... Soprava o vento enlouquecendo os meus cabelos, como se quisesse me conceder num embalo a passagem para outra vida, perdi-me naquelas alturas. Quando quis descer, do nada, alguém empurrou o balanço ainda mais alto como se quisesse ouvir minhas gargalhadas. Compreendi que os paraísos perdidos estão gravados na mente dos que sonham o voo e acreditam que a luz possa ser alcançada até num sorriso. Depois disso, conheci um céu novo e me arrependi dele depois, mas aprendi, desde então tenho noites em que as vistas ficam meio molhadas sob o pára-brisa das pálpebras e nenhum limpador parece capaz de desembaçá-las. Sempre que escrevo um texto e coloco meus sentimentos, sinto que me livro um pouquinho dessa coisa ruim. Aqui faço o que bem entendo. Retiro a minha mascara, desamasso as bordas e reciclo os pensamentos. E escrevo sobre como aprendi com você que ser gelo é bem eficaz. Não esqueço os seus bordões, não esqueço-me de nada e por isso de vez em quando as lágrimas aperecem sem serem chamadas, é inevitável, demoram a vir, mas quando vem, parecem não querer ir embora, foi assim na noite de sexta-feira, uma invasão dessa minha solidez, não me contive. Deixei que a sua falta escoasse. Deixei que ela lavasse a mim junto a saudade. Deixei que me levasse, e aquela luz intensa que meu sol interior emanava, ela cobriu de poeira, levantei os olhos para o céu e me perguntei porque eu havia me lembrado de tudo isso? E o que vi ao abaixá-los, foi a resposta: é porque ainda não se fechou aquela ferida negra e sem fundo, e o que vi também, meu Deus, foi minha vida completamente parada por causa da sua, e cheguei a conclusão que tenho que parar com isso, preciso viver!


"...Te amo mesmo, talvez pra sempre. Mas nem por isso vou deixar de ser feliz ou viver minha vida. Foda-se esse amor. E foda-se você."

Tati Bernardi