sexta-feira, 15 de julho de 2011

E todo dia ela se refaz!

Andei pensando coisas. O que não é raro, dirão os insensiveis. Ou "o que foi desta vez?" - questionariam os complacentes. Para estes ultimos, quem sabe, escrevo. E não falo, digo: andei pensando coisas sobre essa moça que alguns chamam de "Colombina" e sabe a conclusão que cheguei? que essa moça é uma pessoa de primeiras vezes. De insensatez.
O primeiro abraço pela manhã a fascina; principalmente porque não existem esses abraços, apenas pessoas para tropeçar em seus passos. Só mesmo a lentidão das horas tem espaço nessa pequena porta que atravessa… E não demora muito para o seu brilho ser ofuscado por outras cores que se impõe. O vento ultrapassa barreiras e a vida começa todo dia sua rotina desumana: gritos, traços, correria, teclas, contratempos… Porque a saudade sempre desperta quando os seres humanos não abrem os olhos? Ela acha tipos, enfia as mãos no rosto, acelera a caminhada e volta para casa.
De vez em quando espia a lua de sua janela enquanto procura nomes escritos nas paredes. Um soluço, outro soluço e as nuvens se embaraçam ao longo de seu olhar. Quando tudo faz silêncio é hora de fechar as trancas e se esconder no sono… Rotineiramente ela espera pelo sol; mas nem sempre seus raios a agarram em tons coloridos pelo céu de seus desejos. Mas quando chove, ela gosta, porque dá mais vontade de dormir quentinha; parece uma menina boba debaixo das cobertas vendo desenho, esperando que um sopro arteiro a enlace, fazendo "mover" mais uma vez; e quando levanta parece mulher com a roupa toda amarrotada exibindo suas formas aprendendo a ser elegante… Quando a tarde vem, ela conta os minutos, esperando a noite chegar. Segue cada passo de um show interno de fogos que a faz respirar fundo recebendo as lembranças antigas que provocam sensações de montanha russa. Vez em quando derrete. Vez em quando aponta. Vez em quando salta, e só… Coração roubado, amores imperfeitos…
Até chegar a entrada passa pela cozinha onde prepara qualquer coisa leve. Mas não consegue e volta para o quarto, carregando um copo. Por lá se encontra com livros ou com sons, tentando esquecer notas e muitas vezes de si mesma, encosta e fecha os olhos, sente um frio e faz uma oração, uma prece e quase chora, quase morre… É assim, termina adormecendo ali e acorda só de manhã, nunca anda descalça, está sempre de pijama bambeando pelo meio da casa. Outro dia, mais um... Chega no branco e escreve. É desse jeito que ela vive com personagens. Planta lembranças, colhe desepero. Dias inteiros se acumulam naquela tela em baixo daquela lampâda que ilumina aquele lugar cercado de falsidade, ignorância e hipocrisia. Tudo ali junto, tudo sendo sentido por peles nada merecedoras de um massacre. Rodeados de inveja e uma ganância imoral. E ela simplesmente não se aguenta, se escora e por isso sempre escreve o meio e o fim de suas histórias, porque o começo ela nunca sabe aonde vai parar. Ela quer mesmo é dar um adeus definitivo. Já percorreu o universo inteiro; mas nunca esteve aonde queria estar. Se encontrou, reencontrou e se perdeu, não tem confidentes. E amanhece sempre sozinha… Espia os passáros e procura saber sobre o tempo e o lugar. O coração é antigo, com decoração inalterada com portas e janelas fechadas para qualquer coisa. Largada por si mesma a míngua, nem ela entra. E vive bem sozinha. Mesmo tendo familia e cachorro. Que por sinal conhecem suas manhãs e manias. Se ela pudesse nem sairia de casa durante o dia. Talvez assim suas histórias não seriam expulsas de si mesma, entregando a todos a sua realidade escondida. Olhos marejados, exaustos de ver a tela do computador... Tenta ser poeta ou escritora, para se tornar uma testemunha eterna de sentimentos vividos, caça moldes e formas variadas de si. Segue suspirando sonhos, dia após dia. Até que me encontrou aqui e todo dia vem me contar o que há.

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